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20 maio, 2014

Para o imbecil que chamou meu filho de feio

(Reprodução: Facebook)

"Não faltam imbecis na internet que se escondem atrás do anonimato de um apelido com a intenção de ser cruel, e já vi sua hostilidade muitas vezes."


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Caro @JusesCrustHD,

Desde que comecei a blogar sobre meu filho Quinn e sua deficiência, eu sabia que esse dia chegaria. Não faltam imbecis na internet que se escondem atrás do anonimato de um apelido com a intenção de ser cruel, e já vi sua hostilidade muitas vezes. Na verdade, depois de um recente assalto à sede da Associação da Síndrome de Down em Houston, em que foram roubados equipamentos no valor de US$ 10 mil, não faltaram comentários ignorantes sobre a reportagem que narrou o incidente. Um usuário perguntou: "Como eles vão aprender a contar batatas?" Outro afirmou que desperdiçar computadores com "retardados" era idiota, de qualquer maneira, e que a organização merecia ser roubada. Esses comentários, embora ofensivos, servem simplesmente para exibir a ignorância de pessoas alimentadas pelo ódio, e não valem que eu perca meu tempo. Sorrio quando os leio, mas percebo que pouco se pode fazer sobre tamanha estupidez. Mas no último sábado vocês visaram pessoalmente meu filho, e em vez de ficar irritada eu gostaria de lhe dar um conselho: não seja um imbecil. Isso voltará para assombrá-lo.

Não quero fazer suposições sobre você, mas só posso imaginar que pouco sabe sobre o desespero que os pais sentem quando cuidam de uma criança com dificuldades respiratórias. Quinn esteve doente na semana passada, mas se sentia muito melhor na sexta-feira. Decidimos nos sentar no quintal de trás e tomar sol depois da escola. Não há muitas coisas neste mundo mais lindas do que ver seu filho que esteve doente iluminar-se com um sorriso, e tirei algumas fotos para comemorar sua recuperação, depois as publiquei no Instagram com o hashtag "#downsyndrome". Eu gosto de ver essas fotos no meu tempo livre, porque essas crianças são mesmo adoráveis. É claro que você sente outra coisa porque você, JusesCrustHD, viu essa foto e fez um comentário de uma só palavra:

"Feio".




O fato de você achar meu filho feio é uma coisa. Você tem o direito de ter sua opinião. Mas o fato de você intencionalmente procurar #downsyndrome para encontrar fotos para insultar (infelizmente, Quinn não é a única vítima de seu comportamento; encontrei várias outras reações inflamadas) é ao mesmo tempo infantil e triste. Seu perfil também é cheio de posts ofensivos e declarações rudes. Em uma foto, que mostra duas crianças com síndrome de Down e a palavra "wiitard" (alguém que causa dano ou prejuízo a eles, outras pessoas ou objetos, operando de forma incorreta o controlador de um Nintendo Wii), você se deu mal porque MUITA gente reclamou do seu preconceito. Você alega que foi uma piada e que as pessoas deviam ser mais esportivas. Mas por que procurar propositalmente fotos de nossos filhos? Por que uma bela foto do meu filho foi manchada por seu ódio? Isso não é piada. Isso é ciber-bullying. Não preciso dizer que denunciei seu perfil.

Esta não será a última vez em que alguém diminui meu filho porque ele é diferente. E não será a última em que alguém faz uma piada às custas dele, mas procurar ativamente pessoas para caçoar vai além de cruel. É desumano.

Reconheço que você quer me enfurecer com sua "piadinha". Serei franca: é difícil não ficar brava sobre isso, mas não posso me permitir carregar esse peso nos meus ombros. Não posso sentir nada além de pena por um indivíduo com tão pouca sensibilidade. Porque afinal será você quem, um dia, terá de enfrentar as consequências de suas opções. Há poucas pessoas neste mundo que toleram esse tipo de pensamento retrógrado, e um dia você vai se manifestar para a pessoa errada. Imagino que já fez isso, e é o motivo pelo qual se esconde atrás de um pseudônimo.

Deus sabe que havia muitos adolescentes cruéis no meu tempo: meninos que sentiam prazer ao fazer piadas e brincadeiras às custas dos outros. Houve até algumas delas dirigidas contra mim, mas isso me deu resistência e eu cresci com a experiência de enfrentar esses maus-tratos. Talvez seja por isso que estou querendo deixar este passar; sei onde a maioria daqueles meninos acabou, e é um lugar onde eu não queria estar. E como professora vi garotos como você caírem e se queimarem. Vá lá fora. Leia um livro. Elogie alguém. Mais importante: esclareça-se. Já há crueldade suficiente neste mundo, e qualquer pessoa de valor deveria lutar para melhorar este lugar, e não piorar.

Simplesmente espero que meus filhos aprendam a ignorar comentários e atos ignorantes e a tratar os outros com respeito e dignidade. Todos merecemos isso, até você.

Sinceramente,

Uma Mãe Orgulhosa

Megan Davies Mennes, Brasil Post